Curso Integral de Fotografia - Capítulo 007 - A Lei da Reciprocidade

Combinando obturador, diafragma e sensibilidade

A correta exposição da luz sobre o sensor, de forma que a imagem capturada não fique demasiadamente clara nem escura, é determinada pela combinação da abertura do diafragma, tempo de exposição do obturador e sensibilidade ISO. Atuando sobre estes três valores, o fotógrafo pode controlar a intensidade da luz que se projeta sobre o sensor para finalmente ser capturada.

Exemplo:
Imagine um dia de sol aberto, sem nuvens, onde um modelo diretamente exposto ao sol precise do diafragma setado em f/11 com um tempo de exposição de 1/250s. Caso alguma nuvem apareça e crie uma área de sombra sobre o modelo, os ajustes poderiam mudar para f/8 e 1/125s. Assim, o dobro de luz passaria pelas lentes (f/8) e o sensor seria exposto a ela por mais tempo (1/125s). Isto resultaria em uma compensação para a falta de luz provocada pela nuvem, fazendo com que a imagem registrada não fique demasiadamente escura.

Em outra situação, um modelo situado dentro de casa, com fraca luz artificial, poderia precisar de um diafragma em f:2.8 e um tempo de exposição de 1/60s. Isto permitiria a entrada de grande quantidade de luz pelas lentes (f:2.8) e o sensor seria exposto a ela por um tempo maior (1/60s).

Em um caso ainda mais extremo, o fotógrafo deseja registrar, à  noite, a luz da lua juntamente com as lâmpadas das casas acesas. Para isto, seria necessária uma longa exposição, onde o tempo de exposição do sensor à  luz poderia ficar na casa das dezenas de segundo. Este tipo de fotografia exige um tripé, pois é impossãvel segurar a câmera na mão por tanto tempo sem gerar grandes tremidos na imagem.




Relação entre abertura, velocidade e sensibilidade

É importante notar que há uma relação direta entre os ajustes de abertura, velocidade e sensibilidade. Cada ponto de ajuste em qualquer um destes três valores é diretamente proporcional aos outros, já que cada ponto corresponde à >
dobrar a intensidade ou quantidade de luz sobre o sensor. Exemplos:

Para aumentar a quantidade ou intensidade de luz sobre o sensor, podemos agir de três formas:


- Aumentar a passagem de luz pelo diafragma usando aberturas maiores (números "f" mais baixos)
OU
- Aumentar o tempo de exposição à  luz através de tempos de obturação mais longos
OU
- Aumentar a sensibilidade do sensor usando valores ISO mais altos.


Estes três ajustes executam a mesma função, que é aumentar a quantidade ou intensidade da luz sobre o sensor. Também podemos reduzir a quantidade ou intensidade de luz sobre o sensor de três formas:


- Diminuir a passagem de luz pelo diafragma usando aberturas menores (números "f" mais altos)
OU
- Diminuir o tempo de exposição à  luz através de tempos de obturação mais curtos
OU
- Diminuir a sensibilidade do sensor usando valores ISO mais baixos.



Com isso em mente, podemos usar combinaçãµes entre os três valores (diafragma, obturador e sensibilidade) para criar possibilidades equivalentes de captura de uma mesma luz, porém com resultados distintos na fotografia. Veja os exemplos abaixo:


Em termos de luminosidade...

f:2.8, 1/125 equivale a f:4, 1/60
f:11, 1/60 equivale a f:8, 1/125
f:5.6, 1/500 equivale a f:4, 1/1000
f 1.4, 1/250 equivale a f:2.8, 1/60


A diminuição ou o aumento da quantidade de luz pelo diafragma pode ser compensada pelo aumento ou diminuição do tempo de exposição (obturador) em igual valor, ou também pela sensibilidade ISO. Assim, já que um ponto a menos no diafragma corresponde à  diminuição da metade da luz incidente, podemos compensar a falta dessa luz abrindo um ponto no tempo de exposição, dobrando a quantidade de luz e mantendo tudo igual. O inverso também é verdadeiro, e a mesma relação se aplica à  sensibilidade ISO.

As consequências dos três ajustes

A alteração do diafragma, obturador e sensibilidade não interfere apenas na quantidade de luz que será registrada na fotografia. Há também outras consequências que permitem ao fotógrafo alcançar resultados gráficos especãficos. Estes recursos dão uma grande liberdade criativa e fazem com que uma foto tenha caracterãsticas àºnicas. Tais consequências são:


Diafragma: Aumenta ou reduz a profundidade de campo.
Obturador: Aumenta ou reduz o congelamento dos movimentos.
Sensibilidade: Aumenta ou reduz a granulação, ou a presença de ruãdo na imagem.


Então, a escolha por alterar um ou outro ajuste não implica apenas no controle da luminosidade. Através da combinação destes ajustes, o fotógrafo possui o controle de várias possibilidades criativas e pode manipular diversas caracterãsticas gráficas da imagem. Uma mesma cena pode ser retratada de inúmeras formas. Isso também garante o caráter pessoal da fotografia, já que fotógrafos diferentes poderiam utilizar ajustes distintos para capturar uma mesma cena, de acordo com sua própria percepção.