Making-of do Cavalo Árabe!

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Olá, amigos. Neste post vamos falar sobre um estilo que gosto muito, o Impressionismo, com algumas dicas sobre como utilizá-lo no ambiente digital. Espero que seja útil!

O Impressionismo foi um movimento artístico que surgiu em plena "Belle Époque" francesa, no século 19, promovido por jovens artistas insatisfeitos com os padrões da arte até então. (A propósito, é interessante notar como os movimentos artísticos quase sempre surgem como uma contraposição às estéticas vigentes em suas épocas!). Grandes nomes fizeram parte desse estilo, como Monet, Degas, Renoir, Delacroix, Pissarro, Van Gogh e muitos outros. O movimento também atingiu outras artes, como a música e a literatura. Virgínia Wolf, Baudelaire, Rimbaud, Debussy e Ravel são alguns exemplos.

De forma simplificada, podemos definir a estética da pintura impressionista como um estilo que se vale de efeitos visuais que geram percepções com base no conjunto, cuja execução rápida dispensa contornos e formas bem definidas. Gera-se uma imagem que é percebida através da mistura coesa dos traços e pinceladas que, aparentemente, estão em completo caos. É também um estilo fortemente baseado nos conceitos técnicos e científicos da formação da cor e comportamento da luz. Conceitualmente, o estilo rompe com diversos paradigmas anteriores, como o realismo fotográfico. É um estilo "contraventor" por excelência.

Curto bastante o impressionismo por causa das suas propostas, cutucadas e efeitos. Venho praticando bastante para tentar chegar a resultados interessantes, pois como meu estilo de preferência aborda acromias em lápis e nanquim, a tarefa é árdua. Dessa vez resolvi usar as formas esbeltas de um cavalo árabe para estudar os conceitos de luz, sombra, cor e forma impressionistas. Como este estilo é fundamentado na percepção visual, nem preciso dizer o quanto o seu estudo e prática ajudam na composição fotográfica. Como sempre, uso meus desenhos e pinturas para me aprofundar nos mistérios da luz e da composição imagética da fotografia.

Bem, vamos ao que interessa! O making-of!

Material utilizado

Esta arte foi integralmente desenvolvida à mão-livre sobre a mesa gráfica Intuos Pro, da Wacom, usando o Photoshop CS6. O arquivo foi criado no espaço de cor Adobe RGB, profundidade de 16 bits, 24 megapixels (6000px x 4000px) a 300dpi. Este é um padrão que venho utilizando bastante ultimamente, me garantindo ótimos resultados na qualidade da impressão final.

Parte 1: o sketch


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Fiz um sketch rápido com um brush de bordas duras, me baseando em memória visual para definir as formas do cavalo. Detesto decalques. Alguns desenhistas colocam uma foto em uma camada-base e desenham sobre ela, para garantir bons resultados. Tudo bem, abordagens pessoais não se discutem, mas não curto isso. Prefiro o desenho livre e criativo. Porém, como cavalos árabes possuem linhas bem distintas, conferi algumas fotos no Google depois do sketch pronto para melhorar as belas curvas da face do bicho. Como trabalho com dois monitores, deixei as imagens do Google num deles para referencia visual, enquanto conferia o sketch no outro.

Parte 2: O cenário


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Aqui os efeitos do impressionismo começam a agir. Usei um brush bem irregular e tracei as dunas com pinceladas rápidas, usando uma paleta bem terrosa, puxada para o amarelo. A pintura digital impressionista se beneficia de fundos irregulares, promovendo uma mistura melhor das cores nas camadas superiores. Usei as pinceladas das dunas como textura para atingir este resultado mais à frente. Nesta fase defino a cor geral da cena e as luzes principais que me guiarão por todo o processo.

Parte 3: As massas de luz e sombra


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Minha abordagem sempre se baseia na definição das sombras como origem das formas e volumes. O primeiro passo é criar as duas principais massas de luz e sombra. No impressionismo os detalhes vão surgindo aos poucos, e as formas são criadas com o auxílio das sombras. Usei um marrom derivado da paleta ambiente para misturar o cavalo ao cenário mais facilmente. Deixei o sketch visível para me orientar nas pinceladas.

Parte 4: As sombras do impressionismo


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O impressionismo, assim como a fotografia, exige um bom conhecimento do Círculo Cromático, principalmente dos conceitos de harmonizações. As sombras são feitas com a cor complementar da luz do ambiente ou da luz sendo refletida, e não com preto apenas. Neste caso, sendo o ambiente amarelo, as sombras de volume usam uma paleta azul. Tão básico quanto eficiente.

Parte 5: Detalhes, detalhes...


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Nesta fase são adicionados os detalhes em pinceladas menores. É um bom momento para corrigir o design do sketch, entao aproveitei para alterar o volume dos musculos. Cavalos árabes são esbeltos, e o sketch estava meio marombado nos ombros do bicho. Um dos requisitos do impressionismo é fazer com que os detalhes sejam percebidos, mas precisam ser feitos de forma tão solta quando o fundo. Como não se usam contornos neste estilo, eliminei o sketch no final do processo, logo após adicionar a crina. Luzes de ambiente no corpo do bicho, pequenos acertos aqui e ali... e o cavalo fica pronto!

Parte 6: Um tapa nas pinceladas...


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O impressionismo no ambiente digital precisa de uma grande definição das pinceladas. Aplicar um ganho de nitidez nas camadas de pintura cai bem, mas sem excessos. Usei o mesmo brush em todas as pinceladas da arte (!!!), e admito que foi por preguiça. Mas tudo bem, o resultado não ficou ruim. O que caracteriza o estilo é justamente essa informalidade nas pinceladas, cuja bagunça visual trabalha perfeitamente para formar uma imagem convincente, quando vista na totalidade. Aproveitei para adicionar algumas "raspagens" na tinta. Ou melhor, nos bits. Hehe.

Parte 7: Acertos tonais e finalização


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Nesta fase acertei as dinâmicas cromáticas e tonais, mexendo na intensidade das luzes e diminuindo a forte dominante amarela. Assim, creio que caracterizei melhor o ambiente de deserto. Pensei também em diminuir o contraste, mas resolvi manter a pegada "ilustração" do trabalho. Para terminar, como sempre faço, adicionei uma granulação marcante e orgânica em cima de tudo para chegar na minha "assinatura de textura pessoal". Pronto! Arte finalizada. Agora é só imprimir em A2 num belo e caro papel Hahnemülle, assinar, emoldurar e pendurar em algumas paredes por aí!

Clique aqui e veja mais detalhes dessa arte!


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