Usando o FLASH DEDICADO, parte 2: Esporte de Ação!

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Seguindo o prometido, aqui vai mais um artigo sobre Flashes Dedicados. Dessa vez, abordarei um assunto que está bastante ligado ao meu trabalho: Fotografia de Esportes de Ação. Concentrarei o assunto no Ciclismo, por ser integrante de mais de 90% do meu trabalho, e um pouquinho de Cross Running. Eventualmente também me envolvo com outras modalidades, sempre off-road, mas por enquanto serão apenas essas. Mais tarde, prepararei algo sobre fotografia de Escalada em Rocha.

Estou desde 2009 atuando como fotógrafo oficial da Federação De Ciclismo do Rio de Janeiro (FECIERJ), e isso me trouxe grandes oportunidades de atuação e contato com grandes nomes do esporte, além de mestres da fotografia do gênero. Como curto bike desde sempre, esse trabalho só me traz felicidade.

Então, vamos falar sobre o uso de flashes dedicados neste universo! Primeiro, vamos determinar algumas dificuldades desse tipo de fotografia e as soluções trazidas pelo uso do flash:

velocidade: tudo é muito rápido!

Em esporte de ação há muita... ação, certo? Tudo está em constante movimento sempre, e os borrões são comuns. A ordem é trabalhar com tempos rápidos de obturação, ISOs mais altos e, para ajudar, o flash! O pico de iluminação de um dispado do flash fica em torno de 1/4000s, sendo excelente para congelar movimentos. Isso é útil tanto para dar aquele "freeze" no atleta quanto evitar tremidos quando estamos fotografando da garupa de motos ou caçamba de carros, algo muito comum. Também é excelente para melhorar o efeito do "panning", onde o atleta fica perfeitamente nítido enquanto o fundo se torna borrado. Ao contrário da regra geral, este efeito é realizado com velocidades de obturação lentas, e o resutado sempre é sensacional. Panning sem flash pode ficar difuso e excessivamente suavizado no primeiro plano.

mudanças constantes da luz

As variações de luz são intensas e muito frequentes. Sempre há uma área de sombra ou um contra-luz para dar aquela atrapalhada. Um flash funcionando como luz de preenchimento é perfeito nessas horas. Gosto de deixar sua luz mais difusa nestes casos, e sempre faço a medição nas áreas de maior luminosidade.

Frequentemente temos que nos posicionar no lado oposto ao Sol, seja pelo cenário ou pelas limitações de posicionamento no decorrer dos eventos. Nestes casos a falta de luz no primeiro plano resultaria em duas situações: ou o primeiro plano se tornaria uma silhueta negra, ou o fundo ficaria totalmente superexposto. Par resolver, o flash precisa preencher as áreas de sombra. É comum configurar a potência para níveis mais altos, de forma que se equalize com a luz forte do ambiente, caso ela seja realmente intensa. Então, não esqueça: Mesmo à luz do dia e sob Sob forte, o flash é um grande aliado!

luz ambiente delicada

A luz natural pode ser muito sutil. É preciso tomar extremo cuidado quando a luz natural é boa, mas ainda precise de um pequeno empurrãozinho. É muito fácil estragar tudo nessas horas. Nesses momentos prefiro trabalhar com difusores mais abertos e baixíssima potência, só para dar aquele brilho leve que fará a diferença. Sempre é complicado ou até impossível levar sombrinhas, soft-boxes e outras traquitanas para eventos esportivos. Então prefiro difusores pequenos e portáteis, como mini-rebatedores dobráveis.

mobilidade

O trabalho no esporte de ação quase sempre acontece em terrenos complicados e pouco amigáveis. Estou sempre rodando, correndo ou andando em estradas ou trilhas difíceis. De moto, carro, a pé, subindo e descendo, vale tudo. Então, nada melhor do que um flash potente, pequeno e prático. Nestes trabalhos sempre deixo em casa os meus flashes maiores. Atualmente, meu preferindo para essas horas é o Nikon SB-700, que substituiu meu pequeno, antigo e valente SB-600. Talvez falte a robustez necessária nestes flashes pequenos para as durezas da fotografia esportiva, mas o tamanho e peso compensam muito. Debaixo de chuva (outra situação bem comum), uma sacola plástica resolve.

energia

Flashes são vorazes, as baterias vão embora muito rápido. Sempre levo 3 a 4 sets de pilhas. Reclamo muito do peso extra, mas não há muito o que fazer. Para aumentar a vida útil delas deixo o flash sempre no Modo Manual, nunca no TTL. Um dos problemas do TTL é a perda do controle do gasto de energia, pois não dá pra saber o quanto está sendo consumido. Além do mais, este modo demora uma fração de segundo para calcular a luz ambiente e decidir qual potência usar, e no esporte de ação esse lapso de tempo simplesmente não rola. No set de pilhas levo um ou dois conjuntos recarregáveis e o restante em pilhas alcalinas novas, por serem mais rápídas e - pasmem - confiáveis. Pilhas recarregáveis perdem sua carga facilmente, dependendo da temperatura, idade e número de cargas anteriores. No frio, mantenha-as aquecidas próximas ao seu corpo.

Bem, vamos então aos exemplos reais do meu dia-a-dia!



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Este é o italiano Marco Fontana, bronze olímpico (Londres 2012), integrante da Seleção Italiana de Mountain Bike, competindo em um evento pré-Rio 2016, aqui no RJ. Nem preciso falar da pressão para produzir boas fotos dele. Optei pelo flash off-camera, usando um disparador remoto montado à esquerda. (Marco Fontana, em Rio das Ostras/RJ)


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Em situações de luz tênue o flash precisa ser utilizado com muito cuidado. Aqui, à sombra das árvores, usei potência baixa e difusor, junto ao ISO alto. Uma das minhas preocupações sempre é tentar mesclar a luz do flash à luz ambiente.(Eron Silva, em Saquarema/RJ)


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Nesta foto usei o flash off-camera acima da cabeça. Como usei uma grande-angular (15mm), ajustei a luz do flash para um facho mais aberto. (Robson Ferreira, tri-Campeão Brasileiro de Mountain Bike / vice-Campeão Panamericano 2016, em Rio das Ostras/RJ)


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Mais uma situação de luz tênue exigindo um uso adequado do flash, ajustado para cobertura grande-angular. (Nullia Sampaio, em Saquarema/RJ)


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Este foi um trabalho promocional para as marcas Cannondale e AVA Racing, e a qualidade de luz era essencial. Mantive o flash na câmera e ajustei o equipamento para criar o efeito de "panning". (Henrique Avancini, Campeão Brasileiro de Mountain Bike 2016, em Petrópolis/RJ)


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Mais um exemplo de "panning". Este tipo de foto exige uma fotometria exata, pois o fundo precisa ficar perfeito para que a sensação de velocidade apareça. Normalmente mantenho o flash na câmera para fazer essas imagens. (João Firmeza, atleta AVA Racing, em Petrópolis/RJ)


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O posicionamento off-camera do flash permite luzes muito criativas e diferenciadas. Aqui o flash foi setado com uma potência mais alta. A luz dura, sem difusor, marcou os músculos do atleta. (Henrique Avancini/Catálogo de produtos Barbedo Sports, em Petrópolis/RJ)


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Uma das qualidades da luz artificial é definir as bordas, aumentando a sensação de nitidez e separando o elemento iluminado da cena, dependendo da potência. Aqui o flash foi responsável por isolar o ciclista. (Wolfgang Olsen/Catálogo de produtos Barbedo Sports, em Petrópolis/RJ)


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Quando se fotografa em contra-luz o primeiro plano corre o risco de virar uma silueta escura. O flash pode ser usado para "preencher" essas áreas, eliminando as sombras. Mas estas situações exigem fotometria cuidadosa, para evitar que o primeiro plano fique superexposto com o excesso de luz do flash. (Henrique Avancini/Catálogo de produtos Barbedo Sports, em Petrópolis/RJ)


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Em trabalhos comerciais para publicidade é importante que as marcas e logos fiquem bem visíveis. O flash ajuda bastante, principalmente por separar os elementos. Nesta foto, feita em uma zona escura da floresta, tive que calcular a fotometria com precisão para mesclar as luzes. (Henrique Avancini/Catálogo de produtos Barbedo Sports, em Petrópolis/RJ)


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Aqui está um exemplo de posicionamento do flash off-camera, acionado via rádio. Em média, o alcance do sinal de rádio é de 30 metros, mas já consegui disparar flashes a mais de 80m. (Atleta não identificado, em Teresópolis/RJ)


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Uma das maiores dificuldades é misturar as luzes do ambiente ao flash, principalmente com a aplicação do "panning". Nesta cena usei 2 flashes, um na câmera e outro à frente do ciclista, acionado via rádio. (Bernardo Zambelli, em Teresópolis/RJ)


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Gosto de usar o flash como complemento, e não luz principal. Nesta foto coloquei o flash no chão, próximo aos meus pés, apontado para cima para iluminar apenas o atleta. Eu não me perdoaria se perdesse essa luz ambiente mágica e poderosa. (Atleta não identificado, em Saquarema/RJ)


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Outra situação de luz delicada. Eu precisava fazer uma imagem promocional para um evento de corrida em Saquarema, e era preciso valorizar o cenário. Usei o flash à curta distância, off-camera, concentrando a luz apenas no atleta. É um bom exemplo de "flash de preenchimento". Um tratamento estilo "HDR" deu o charme final. (Alcebíades Pirão, em Saquarema/RJ)


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Aqui está um exemplo importante. Essa imagem foi feita com propósito promocional, evidenciando as marcas patrocinadoras da Macaé MTB Cup (2013). Usei um flash perto de mim, iluminando as placas do patrocinador, e outro no topo da escadaria, no chão, iluminando o atleta. (Matheus Oliveira, em Macaé/RJ)


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O flash tem uma grande capacidade de congelar os movimentos, e isso pode ser bastante útil. Principalmente em situações onde é preciso usar um tempo de exposição maus longo. (Atleta não identificado, em Resende/RJ)


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Se o restante da foto fica levemente sub-exposto, a área iluminada por um flash difuso ganha grande destaque. Costumo fechar a luz na câmera quando encontro situações favoráveis a este destaque, principalmente com fundos mais escuros. Esta luz deu à essa foto a colocação entre as finalistas do Masters Cup of Color Photography, Londres, 2010, com publicação no livro produzido pelo evento. Valeu a pena fazer direitinho a fotometria. (Anderson "Latino" Getúlio, em Valença/RJ)


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